30/01/2015

O LUTO E A LEITURA

Perder alguém de quem gostamos representa sempre um recomeçar. Aprender a lidar com a ausência física, com a saudade que aumenta a cada segundo, com as memorias que tentamos perpetuar para que nunca nos abandonem.

Eu confesso que lido terrivelmente com a perda. Imaturidade emocional para uns, sentimento de posse para outros. Para mim... é uma dor atroz que me persegue.
O verão passado tive de lidar, mais uma vez, com a partida de alguém que amo - a minha querida avó "zaré" (Nazaré). Foi uma data que aconteceu bastante próxima do meu aniversario o que fez com que duas pessoas especiais da minha vida me oferecessem dois livros sobre o luto.
Dois livros completamente diferentes mas que nos podem ajudar. Não curam, não fazem desaparecer a dor, mas fazem-nos sentir menos sós. Somos confrontados com varias formas de sobreviver à perda, com várias formas de reagir e isso faz com que nos sintamos acompanhados nesta fase de mudança.
O primeiro livro de que vos falo é da autoria de Inês de Barros Baptista "MORRER É SÓ NÃO SER VISTO" (foi-me oferecido por uma querida amiga que também ela passara por uma perda semelhante à minha). É um livro onde a Inês reúne vários testemunhos de pessoas que perderam entes queridos e que através de uma conversa com a autora revelam tudo o que sentem sem medos e tabus. Histórias de vida que tocam pela capacidade de transmitir sentimentos e emoções sem máscaras e que inspiram. As fragilidades da vida humana são aqui expostas. Os testemunhos recolhidos são de pessoas anónimas e personalidades conhecidas e que através de um discurso positivo emitem sinais de esperança, força e amor. Sempre o amor. O amor faz chorar, faz desesperar mas também ajuda, cura e atenua. Levei-o para a praia e foi o meu companheiro durante vários dias. Ia lendo cada historia com tempo... o tempo que o meu coração demorava a digerir e a assimilar a lição que outros me estavam a dar.
O segundo livro li em 4 horas. Uma noite de insónia de verão fez com que pegasse nele e o lesse de uma assentada apenas. Um livro oferecido por uma querida tia que eu herdei (que bela herança) e que também ela perdera alguém especial - o seu companheiro de viagem. Não é um prémio Nobel da literatura mas é um livro que nos faz relativizar o nosso desespero. No mundo haverá sempre alguém pior do que nós e que superou. Alguém que não desistiu de viver, que não desistiu de si! 

E nós nunca devemos desistir de nós (perdoem-me o pleonasmo mas é a melhor forma de o dizer)!




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