O ano passado nesta altura do ano o meu pai ofereceu-me uma peça que nunca terá preço. Não existirá no mundo pessoa que lhe atribua o seu verdadeiro valor. Um rádio. Um rádio velho e pronto para ir para o lixo, para uns, o maior dos tesouros para mim. Para nós (sim pai eu também sei o quão especial ele é para ti). Um rádio com historia, a nossa historia. A herança que recebera de um pai que partiu demasiado cedo e sem avisar. Desde o dia em que o trouxera para casa e para o escritório este radio nunca deixou de tocar. Acordava lento, cansado e quando menos esperávamos ele despertava para vida e lá gritava: "Jogo da mala" ou "Bola brancaaaaa". Memorias minhas, memorias nossas, memorias.
Este rádio cansou-se de tocar e um dia calou-se. Ainda assim disse ao meu pai que gostava de ficar com ele um dia... e o ano passado no natal ele entrou pela porta de minha casa. Pensei que gostava de lhe dar vida como se esse facto fizesse com que a memoria do meu avô ficasse perpetuada naquele objecto agora inanimado. Foi o meu desejo de natal o ano passado, confesso.
Um cunhado mega habilidoso trabalhou nele durante um ano. Quase que se desfazia nas suas maõs não por falta de cuidado dele mas porque a qualidade dos materiais e o seu uso assim o ditaram . Mudança de mãos: um sogro ainda mais habilidoso que o filho, paciente e querido devolveram-me o MEU rádio. O NOSSO rádio. Com som e luz... com vida.
Ontem dia 29 recebi o meu melhor presente de natal. Mais um bocadinho da minha historia está perto de mim. E está tão vivo como tu meu querido avô!
Sem comentários:
Enviar um comentário