25/01/2014

MAU FEITIO #1

Eu tenho mau feitio. Não é algo de que me orgulhe, é um facto. Tenho tanto mau feitio como bom (mas isso poucas pessoas perdem tempo em entender).
É do senso comum que nem todos somos completamente bons ou completamente maus. Que quem nos criou e nos enviou para este mundo lá encontrou um equilíbrio estranho e esquizofrénico que (quase) ninguém entende.
O slogan do senhor meu marido poderia ser “Estou casado com uma mulher com mau feitio mas isso dá-me um jeito do caraças”. E porquê? Porque cá em casa a fava calha sempre à mesma (e eu nem gosto desta leguminosa). Na hora de reclamar ou de negociar qualquer coisa sou sempre eu que estou à frente da lista, mesmo que não me tenha candidatado ao cargo. Hoje foi mais um dia em que percebi que o meu mau feitio poderia ser proveitoso para a economia do lar.
Há muito que falávamos em renegociar o nosso contrato com a operadora de televisão/internet/telefone cá de casa mas como ele não se chegava à frente achei que não valia a pena adiar mais uma coisa que iria ser resolvida por mim.
Telefonema para aqui, números para ali e às páginas tantas ouço do outro lado:
“(…) Mas ainda não tinha renegociado o seu contrato? Assim é natural que ainda estivesse a pagar esse valor!”
Como?!? Então quem não reclama e é aparentemente um consumidor pacífico e cumpridor é enganado otário passado para trás? Muito certo (not). Perante esta constatação, dá-se o seguinte diálogo (surrealista):
- Então como eu não pretendo pertencer a esse tipo de perfil de consumidor, de reclamar por tudo e por nada, quero rescindir o meu contrato! Agora!
- Mas rescindir? Mas tem outra proposta de outra operadora? Qual? O que lhe ofereceram?
E foi aqui que o meu mau feitio (até aqui adormecido) acordou e de uma assentada fui “obrigada” a dizer:
“- O motivo do meu telefonema foi de mostrar o meu desagrado perante o facto de existir uma pessoa da minha família com um contrato com a vossa empresa que tem um serviço melhor do que o meu e paga menos. Duas pessoas, critérios diferentes, valores diferentes, o mesmo número de anos de fidelização. E como não gosto de ter de reclamar para obter o mesmo tipo de tratamento, pois acho que todos deveríamos ser tratados da mesma forma, quero rescindir o meu contrato.”
Posto isto a senhora lá me fez uma proposta (achava ela) irrecusável em que melhorava os meus serviços mas ficava a pagar mais (1 euro apenas, mas mais). Perante esta proposta maravilhosa eu disse: “Não estou interessada obrigada, o que é necessário para rescindir o contrato?”
Houve resignação do outro lado e lá me deu todos os dados necessários.
Nem 30 minutos passavam quando o meu telefone tocou. Outra funcionária da mesma empresa para saber o que se passava… blá blá blá mi mi mi… a mesma converseta, o mesmo mau feito da minha parte e uma nova proposta: “(…) melhores serviços e menos valor de mensalidade. Aceita?”. Resposta rápida e seca: “ vou pensar, liguem-me mais tarde!”

Sim eu tenho mau feitio mas por vezes o mau feitio trás benefícios à economia cá de casa. Por isso o slogan do senhor meu marido deveria ser “Estou casada com uma mulher com mau feitio mas isso convém-me e eu gosto!”.



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